Pequim, 12 jul (EFE).- O Governo chinês defendeu nesta terça-feira a ordenação de bispos sem permissão do Vaticano, em meio a um aumento das tensões entre Roma e Pequim pela excomunhão de um prelado nomeado pelo regime comunista e a detenção e desaparecimento de seis sacerdotes chineses fiéis ao papa.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores chinês Hong Lei afirmou que a Associação Católica Patriótica chinesa, que não reconhece a autoridade administrativa do papa, exerce a liberdade religiosa quando elege e ordena bispos "de acordo com décadas de tradição e o princípio de independência e autogoverno".
"Isso é uma demonstração da liberdade religiosa que existe na China. Assim asseguramos o bom desenvolvimento do catolicismo no país e qualquer crítica ou acusação que se faça não tem fundamento", acrescentou em entrevista coletiva.
Hong respondeu assim a perguntas sobre a detenção e desaparecimento de quatro bispos e dois sacerdotes fiéis a Roma, um fato denunciado pela agência vaticana "AsiaNews" e do que o porta-voz disse não ter dados.
Segundo o jornal de Hong Kong "Wen Wei Po", a Associação Católica Patriótica designará no dia 14 de julho seu candidato Huang Bingzhang bispo de Shantou (Cantão), aparentemente sem a aprovação do Vaticano, em cerimônia à qual assistiriam os seis detidos e desaparecidos.
"Não sabemos como o Vaticano reagirá à designação de Huang e sucessivamente de outros bispos, até 40, que a Igreja chinesa necessita para divulgar o Evangelho. Esperamos que esteja de acordo", disse nesta terça-feira o presidente de honra da associação Liu Bainian à Agência Efe.
Segundo Liu, "são bispos espiritualmente fiéis ao papa, mas em política amam a China".
"O importante é que o Vaticano e China estabeleçam relações diplomáticas para resolver os problemas. O Vaticano deve mudar o mais rápido possível e aceitar os bispos selecionados e designados pela Associação", acrescentou.
As tensões recentes alcançaram seu ponto alto quando após a ordenação do bispo de Leshan (sudoeste da China), Lei Shiying, no dia 29 de junho, também sem autorização vaticana, o papa Bento XVI decidiu excomungá-lo.
Fonte: Uol Noticias
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