domingo, 22 de janeiro de 2012

Maria nos ensina a lidar com o sofrimento


Ela nos ensina a lidar com o sofrimento, sofrendo! Umas das coisas que mais me impressiona sempre, em Nossa Senhora é que, Ela saboreou a vida, e alguém que sabe saborear a vida, saboreia-a nas coisas lindas. Por isso, você vê quantos títulos Ela tem: Nossa Senhora da Glória, Assunção de Nossa Senhora, Coroação de Maria – Ela mesma fala, no Magnificat: "Minha alma engrandece ao Senhor, o poderoso fez e mim maravilhas" – mas ao mesmo tempo, é a Nossa Senhora do Calvário, é a Nossa Senhora de Belém para o Egito, é a Nossa Senhora do Silêncio de Nazaré e aí vem Nossa Senhora das Dores – festa que celebramos no dia 15 de setembro – Nossa Senhora da Soledade, da Piedade...

E aí vem a beleza do viver e sofrer em Maria, que o Mel Gibson soube expressar muito bem no filme "The Passion". Maria é solidariamente ligada a Jesus, Ele nunca se desligou de Jesus! Se alma da Paixão foi a Paixão da alma do Cristo, como lembra Raniero Cantalamessa, Maria, como alma do Cristo, esteve presente na Paixão da alma e na alma da Paixão. 

A solidariedade de Maria para com Jesus, a colocou em solidariedade com toda a Igreja. Lá em Atos dos apóstolos, já cita explicitamente a presença de Nossa Senhora com a Igreja chorosa, medrosa, insegura "pré-pentecostes"; Maria já tinha o Espírito Santo, pois Jesus foi concebido pelo Espírito, no entanto, Ela estava lá, humildemente, sentada no cenáculo como solidária, efetivamente solidária.

Depois a história começou a nos mostrar, por exemplo, o grande Santuário de São Tiago Compostela; Nossa Senhora era ainda viva quando o apóstolo Tiago pediu a Sua presença, a Sua intercessão e, Ela apareceu para ele lá, por isso, São Tiago de Compostela – "campo da Estrela" – a Estrela é Maria.

Dessa solidariedade de Maria com a Igreja, que estava nascendo depois, toda a história das aparições. É interessante, porque Nossa Senhora nunca apareceu para "gente grande", nunca apareceu para os papas, por exemplo; Ela aparece para Bernadete, uma menina semi-analfabeta, lá num chiqueiro, num lixeiro, aonde os porcos vinham comer; aparece aos três pastorinhos na Cova da Iria; aparece para o índio Diego; aparece para os nossos pescadores pobres e humildes, aqui do Rio Paraíba – até o nome do Rio significa "água ruim".

Maria não fala do sofrimento, Ela assume o sofrimento e, a partir dessa assunção em primeiro lugar, do sofrimento para si, Ela ajuda a transformar esse sofrimento em graça, em vida. Por isso, nós podemos olhar para Nossa Senhora com esses títulos de dor, de sofrimento, de piedade, de solidão, apaixonada, Nossa Senhora da Paixão, para compreendermos que essa também tem de ser a nossa postura. Não como alguém que vai para reclamar, para lamuriar, da dor, do sofrimento, mas alguém que entra, assume o sofrimento e, porque sabe que o sofrimento é redentor, também no jeito de assumir o sofrimento, Ela é co-Redentora.

Padre Léo
Comunidade Bethânia

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