quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas

Evangelho (Lucas 11,47-54)
13 de outubro de 2011


Naquele tempo, disse o Senhor: 47“Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas; no entanto, foram vossos pais que os mataram. 48Com isso, vós sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais, pois eles mataram os profetas e vós construís os túmulos. 
49É por isso que a sabedoria de Deus afirmou: Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão alguns deles, 50a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, 51desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu vos digo: serão pedidas contas disso a esta geração. 52Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar”. 
53Quando Jesus saiu daí, os mestres da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos. 54Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa, por qualquer palavra que saísse de sua boca.

► Homillia  - Padre Fernando Cardoso

“Ai de vós”, diz Jesus no texto lucano de hoje, referente aos fariseus, “porque construís os túmulos dos Profetas, no entanto, foram vossos pais que os mataram.” Na verdade, é preciso compreender o espírito farisaico. Eram os fariseus dos tempos de Jesus nos anos 20 da Palestina em número de mais ou menos seis mil. Nenhum fariseu tomou parte na Paixão de Jesus, nenhum fariseu O condenou. Jesus foi condenado pelo alto clero de Jerusalém, que era de tendência saduceia. Por que, então, carregam os Evangelistas as tintas nos fariseus do judaísmo?

Não se trata tanto dos fariseus dos anos 20, quanto daqueles dos anos 80, época em que os Evangelhos foram escritos. Naquela ocasião, o templo de Jerusalém já estava destruído e o judaísmo tinha deixado de ser pluralista para se tornar monolítico. Este, ao que parece, assumiu feições farisaicas e foi de onde, mais tarde, saiu a instituição do rabinato. Esses fariseus do século primeiro foram extremamente contrários às comunidades da Igreja de Cristo.

Os Evangelistas, na verdade, quando mencionam fariseus, têm diretamente diante dos olhos aqueles do final do século primeiro, que não suportavam a presença de cristãos na mesma sinagoga, acusando-os de idolatria por adorarem o homem Jesus ao lado de Deus. Isso quer dizer que o texto de Lucas - e sobretudo o espírito farisaico - não existem mais nos tempos posteriores e no nosso também? Absolutamente. É verdade que não nos comportamos mais exatamente como eles. Porém, todas as vezes em que somos intransigentes, difíceis, por vezes cruéis com pessoas que não comungam da nossa ideologia religiosa, ou quando não aceitamos o pluralismo e a diversidade, podemos incorrer na intransigência dos fariseus - sob este ponto censuráveis – por não se terem perguntado honestamente se aquele movimento provinha ou não de Deus, se o que faziam com relação à Igreja nascente era inspiração divina ou não. Podemos correr o risco ao longo da existência de nos colocar contra os planos de Deus em relação a nós mesmos e em relação à comunidade da Igreja. É o caso de nos perguntar na oração se o que estamos para realizar é inspirado ou não pelo Espírito Santo.

Aqueles fariseus dos anos 20 a 80 do primeiro século se reputavam justos diante de Deus, credores do Altíssimo, pois afirmavam que Deus é justo e assim lhes recompensaria a própria justiça. Jesus os convence do contrário.

No texto de Romanos que hoje se lê, Paulo afirma que a justificação é um Dom gratuito de Deus. Somente Deus é justo e santo, mas em virtude dos merecimentos de Cristo, Ele nos torna justos quando nos oferece, em troca do nosso, o Coração de Cristo. Justo, no Cristianismo, é aquele que se sente pecador imerecidamente perdoado por Deus, que lhe infunde no íntimo o Espírito de Jesus ressuscitado, pois a infusão do Espírito Santo é a remissão dos pecados. Com outras palavras, Deus nos perdoa, infundindo-nos seu Espírito Santo.

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