sábado, 19 de novembro de 2011

Lei de Deus não é escravidão

 
LEI DE DEUS NÃO É ESCRAVIDÃO E SIM UM DOM PARA LIBERDADE E FELICIDADE, AFIRMA O PAPA 
09/11/2011 às 16:54 
LEI DE DEUS NÃO É ESCRAVIDÃO E SIM UM DOM PARA LIBERDADE E FELICIDADE, AFIRMA O PAPANa audiência geral desta quarta-feira (09), o Papa Bento XVI meditou sobre o salmo 118 (119) e explicou que a lei de Deus, sua Palavra, não constitui de forma alguma uma escravidão para o homem mas é um dom para que seja plenamente livre e feliz.

Na Praça de São Pedro e perante milhares de fiéis, o Papa explicou que este salmo é um dos mais extensos já que consta de 176 versículos e 22 estrofes, escrito como um "acróstico alfabético" que usa todas as letras do alfabeto hebraico. O texto é um canto solene sobre a lei de Deus, sobre a Palavra "que interpela o homem e impulsiona sua resposta de obediência confiante e de amor generoso".

"E este Salmo está impregnado de tal modo do amor pela Palavra de Deus, que celebra sua beleza, sua força salvífica, sua capacidade de doar alegria e vida. Porque a Lei divina não é um jugo pesado de escravidão, mas dom de graça que liberta e conduz à felicidade".

O Papa assinala logo que "a Lei do Senhor, sua Palavra, é o centro da vida do orante; nela ele encontra consolo, nela medita, a conserva em seu coração: ‘Conservo sua palavra em meu coração, para não pecar contra ti’, este é o segredo da felicidade do Salmista; que diz também: ‘Os orgulhosos tramam enganos contra mim. Mas eu com todo o coração guardo seus preceitos’".

O salmista, como Maria, é fiel porque escuta a Palavra. "É Ela, de fato, a verdadeira "bem-aventurada", proclamada por Isabel porque "acreditou, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"e é d'Ela e da sua fé que Jesus mesmo dá testemunho".

"Certamente, Maria é bem-aventurada porque o seu ventre carregou o Salvador, mas, sobretudo, porque acolheu o anúncio de Deus, porque foi atenta e amorosa guardiã da sua Palavra".

Bento XVI sublinhou logo que "a lei divina, objeto do amor apaixonado do Salmista e de todo crente, é fonte de vida. O desejo de compreendê-la, de observá-la, de orientar para ela todo seu próprio ser é a característica do homem justo e fiel ao Senhor, que a ‘medita dia e noite’, como reza o Salmo 1".

"A lei de Deus –continuou– é uma lei que deve ser conservada no coração come diz o célebre texto do Shemá no Deuteronômio: Escuta, Israel. Estes preceitos que eu te dou, grava-os em seu coração. Inculca-os em seus filhos, fale deles quando estiver em sua casa, quando for de viagem, ao deitar-te e ao levantar-te".

A Lei de Deus, disse também o Papa, deve ser o centro da existência humana que "requer a escuta do coração, uma escuta feita de obediência não servil, mas filial, confiada, consciente. A escuta da Palavra é encontro pessoal com o Senhor da vida, um encontro que deve ser traduzido em opções concretas e que deve chegar a ser caminho e seguimento".

"Quando lhe é perguntado o que fazer para ter a vida eterna, Jesus aponta o caminho da observância da Lei, mas indicando como fazer para levá-la à completude, diz: "Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!" O cumprimento da Lei é seguir Jesus, andar sobre a estrada de Jesus, na companhia de Jesus".

O Papa explicou também que o salmo 119 fala da herança que recebeu o homem com a Palavra do Senhor, com a custódia de seus ensinamentos, preceitos, mandatos que são "a alegria do meu coração", como diz o salmista.

"Queridos irmãos e irmãs, estes versículos são de grande importância também hoje para nós. Acima de tudo para os sacerdotes, chamados a viver só do Senhor e de sua Palavra, sem outras seguranças, tendo a Ele como único bem e única fonte de vida. Sob esta perspectiva se compreende a livre eleição do celibato pelo Reino dos céus, cuja beleza e força é preciso redescobrir".

Mas estes versículos, prosseguiu, "são também importantes para os fiéis, povo de Deus que pertence só a Ele, ‘reino de sacerdotes’ para o Senhor, chamados à radicalidade do Evangelho, testemunhas da vida gasta pelo Cristo, novo e definitivo ‘Supremo Sacerdote’ que se ofereceu como sacrifício para a salvação do mundo. O Senhor é sua Palavra: estes são nossa "terra" na qual viver em comunhão e alegria".

"Deixemos, portanto, que o Senhor coloque em nosso coração este amor pela Sua Palavra, e conceda-nos ter sempre no centro da nossa existência a Ele e a Sua santa vontade. Peçamos que a nossa oração e a nossa vida sejam iluminadas pela Palavra de Deus, lâmpada para os nossos passos e luz para o nosso caminho, como diz o Salmo 119 (cf. v. 105), para que o nosso andar seja seguro, na terra dos homens".

Finalmente o Papa manifestou sua esperança de que "Maria, que acolheu e gerou a Palavra, seja para nós guia e conforto, estrela polar que indica o caminho para a felicidade".

Ao final da Catequese, o Papa dirigiu-se aos peregrinos lusófonos:

Com cordial afeto, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa,
em especial os brasileiros da paróquia de Nossa Senhora da Glória. Que o Senhor vos encha o coração de um grande amor pela sua Palavra, para poderdes colocar a sua vontade no centro da vossa vida, como a Virgem Maria. Ela que acolheu e gerou a Palavra divina, seja o vosso guia e conforto, o astro luminoso que aponta o caminho da felicidade. Em penhor do muito bem que vos quero, dou-vos a minha Bênção Apostólica.

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