A instituição da Eucaristia |
CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID
Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Estamos na mais sublime das semanas, a mais santa de todas, porque nela se consumou a missão de Cristo. Dentre os diversos temas que este tempo litúrgico nos aponta, um dos mais ricos é a instituição da Eucaristia. Na celebração da Última Ceia, temos, também, a instituição do Sacramento da Ordem, que conferiu aos Apóstolos o poder de repetir o único e mesmo gesto de Cristo. O sacerdócio é o pressuposto indispensável para que os fiéis recebam o Corpo e o Sangue do Senhor, no pão e no vinho consagrados.
A Eucaristia é o ponto central da Liturgia, pela qual o Cristo nos legou a síntese de todos os seus atos salvíficos. Recordo-me de um belo canto de Comunhão, composto para uma Campanha da Fraternidade de anos atrás. Numa frase dirigida a Jesus, ele sintetiza o tema desta nossa reflexão: “As lições que melhor educam, na Eucaristia é que nos dais”. Vejamos, brevemente, algumas destas lições.
Em primeiro lugar, há um tremendo silêncio na Eucaristia, silêncio que nos instiga, porque é altissonante. Dia e noite dentro do sacrário, como que repousando numa âmbula, Cristo ali está, verdadeiramente, presente. Essa presença real nos interpela, para assinalar que, ao nosso alcance, encontra-se o alimento de vida eterna, e a bebida que sacia nossa sede do Infinito. É um silêncio que convoca, apela, atrai, chamando-nos para junto de nosso Senhor, conforme Marta disse a Maria, sua irmã: “O Mestre está aqui e te chama” (Jo 11,28).
A Eucaristia é a maior lição de humildade, de humilhação. Humilhação voluntária, que Cristo assumiu para vencer o nosso orgulho, a nossa vaidade, origem de todos os males que sofremos e que causamos. É a sua kénosis, termo grego que São Paulo emprega, significando o esvaziamento total de si mesmo, desde a Encarnação, até à aceitação da morte de cruz (cf. Fl 2,6-8).
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