União homoafetiva: A família é outra realidade
Igreja não vai fazer uma cruzada sobre esse assunto, afirma bispo
APARECIDA, sexta-feira, 6 de maio de 2011 (ZENIT.org) - Nessa quinta-feira,
5, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil aprovou a união estável entre
pessoas do mesmo sexo, chamada união homoafetiva.
Nesse contexto, Dom João Carlos Petrini, membro da Comissão da CNBB para a
Vida e Família, reafirmou a posição da Igreja quanto ao significado da
família. O bispo falou na tarde desta sexta-feira, em coletiva de imprensa
na 49ª assembleia geral da CNBB, em Aparecida.
"A Igreja não vai fazer uma cruzada sobre esse assunto. Não faz parte do
estilo da Igreja especialmente nos últimos séculos. Mas nós vamos aprofundar
cada vez mais a sua proposta, que é aquela de permanecer fiel àquilo que é
reconhecido como um desígnio de Deus sobre a pessoa e a família", afirmou.
O bispo disse que a decisão do STF traz uma mudança radical para a
humanidade e que as pessoas ainda não pararam para pensar sobre o teor do
assunto.
Ele recorreu ao livro de Gênesis para falar de família e da união
homoafetiva. "Está no início da Bíblia, no Livro do Gênesis, nos primeiros
versículos a origem e a diferença nos sexos. Não é uma elaboração posterior
da parte das culturas humanas."
"Talvez não avaliamos a importância da mudança que está sendo introduzida
estes dias, que não é um pormenor da vida. Trata-se de uma alteração na
história que é multimilenar e não é exclusividade da Igreja e do
cristianismo."
Dom Petrini afirmou que a Igreja respeita a decisão dos órgãos do Governo
brasileiro, mas ressaltou que a nomenclatura "família" para as uniões
homoafetivas descaracteriza o verdadeiro significado de família.
"A família é outra realidade, tem outro fundamento, se move dentro de outro
horizonte, e esperamos que seja mantida esta distinção; assim como seria
estranho uma pessoa que usasse um jaleco branco fosse chamada de médico, mas
não é médico enquanto não tiver certos atributos para poder exercitar a
medicina, da mesma forma é estranho também chamar qualquer tipo de união de
casamento só porque duas pessoas decidiram morar embaixo do mesmo teto".
O bispo reafirmou que a posição da Igreja sobre o tema é muito aberta para
quem quiser acolher ou rejeitar.
"Quem quiser poderá acolher ou rejeitar a posição da Igreja. Não vamos dar
início a nenhuma cruzada, mas vamos procurar defender aquilo que desde Adão
e Eva e até ontem foi sempre uma característica típica da vida em nossas
sociedades", disse.
Dom Petrini - Bispo Diocese de Camaçari-Ba
(Com CNBB)
Nenhum comentário:
Postar um comentário